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Fechei meus olhos e esvaziei a mente. Tudo em que eu podia
pensar naquele momento era na brisa fresca que tocava meu rosto. Eu sempre me
sentia assim quando estava de frente para o mar. O som das ondas me fez viajar
para longe e ao olhar para baixo, me senti subindo. Levantei vôo e vi.
Eu vi as crianças brincando na calçada de casa, sem se
preocuparem com a violência ou com carros sem freio que poderiam fazer com que
a brincadeira acabasse em tragédia; vi um homem correndo e acenando, tentando
fazer com que o motorista do coletivo parasse para que ele pudesse, então,
seguir em direção ao trabalho; vi uma mãe que levava duas crianças pela mão,
atravessando a rua da creche do bairro; vi um casal que discutia algo que não
pude ouvir, mas que imaginei ser bem ruim pela feição dos dois; vi um
maltrapilho segurando uma placa enquanto era ignorado por quem passava; vi, bem
perto do maltrapilho, um jovem tocando violino e atraindo a atenção de várias
pessoas; vi uma senhora sendo assaltada
por uma criança que saiu correndo mas logo foi pega por um policial que estava
na esquina; vi uma caminhada fúnebre; vi dois velhinhos sentados no banco da
praça trocando carícias; vi um casamento na beira do mar, e os noivos sorrindo
e se beijando logo após a troca das alianças. Eu vi muita gente, assisti a
muitas histórias. Me vi sorrir e chorar várias vezes.
Voltei a mim mesma, com o mar como vista, com o canto dos
pássaros como trilha sonora e percebi que, por mais que eu saiba sobre a vida e
sobre as pessoas, nunca saberei o suficiente. E nunca acreditei tanto que cada
um sabe da dor e da delícia de ser quem é e de viver a vida que vive.
Nunca vamos saber o suficiente mesmo, e apesar de já acharmos que sabemos de tudo, a vida vem e nos surpreende novamente, e novamente. Fazer o que. Adorei o texto ♥ Me fez viajar.
ResponderExcluirTu mora onde tem praia? O texto me lembrou das poucas vezes que tive a oportunidade de sentar na areia ouvindo o mar <3 tão bom a tranquilidade que nos dá.
ResponderExcluirnossa, é bem assim que me sinto quando estou na praia (não sou lá fã de praia) então fico fanttasiando histórias das pessoas que passam, algumas rendem bons textos (como o seu) o barulho do mar é gostoso demais e aguça nossos sentidos.
ResponderExcluirxero
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