sábado, 28 de março de 2015

OLHOS NO MAR, CABEÇA NAS NUVENS

Via Pinterest

Fechei meus olhos e esvaziei a mente. Tudo em que eu podia pensar naquele momento era na brisa fresca que tocava meu rosto. Eu sempre me sentia assim quando estava de frente para o mar. O som das ondas me fez viajar para longe e ao olhar para baixo, me senti subindo. Levantei vôo e vi.
Eu vi as crianças brincando na calçada de casa, sem se preocuparem com a violência ou com carros sem freio que poderiam fazer com que a brincadeira acabasse em tragédia; vi um homem correndo e acenando, tentando fazer com que o motorista do coletivo parasse para que ele pudesse, então, seguir em direção ao trabalho; vi uma mãe que levava duas crianças pela mão, atravessando a rua da creche do bairro; vi um casal que discutia algo que não pude ouvir, mas que imaginei ser bem ruim pela feição dos dois; vi um maltrapilho segurando uma placa enquanto era ignorado por quem passava; vi, bem perto do maltrapilho, um jovem tocando violino e atraindo a atenção de várias pessoas;  vi uma senhora sendo assaltada por uma criança que saiu correndo mas logo foi pega por um policial que estava na esquina; vi uma caminhada fúnebre; vi dois velhinhos sentados no banco da praça trocando carícias; vi um casamento na beira do mar, e os noivos sorrindo e se beijando logo após a troca das alianças. Eu vi muita gente, assisti a muitas histórias. Me vi sorrir e chorar várias vezes.
Voltei a mim mesma, com o mar como vista, com o canto dos pássaros como trilha sonora e percebi que, por mais que eu saiba sobre a vida e sobre as pessoas, nunca saberei o suficiente. E nunca acreditei tanto que cada um sabe da dor e da delícia de ser quem é e de viver a vida que vive.


3 comentários:

  1. Nunca vamos saber o suficiente mesmo, e apesar de já acharmos que sabemos de tudo, a vida vem e nos surpreende novamente, e novamente. Fazer o que. Adorei o texto ♥ Me fez viajar.

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  2. Tu mora onde tem praia? O texto me lembrou das poucas vezes que tive a oportunidade de sentar na areia ouvindo o mar <3 tão bom a tranquilidade que nos dá.

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  3. nossa, é bem assim que me sinto quando estou na praia (não sou lá fã de praia) então fico fanttasiando histórias das pessoas que passam, algumas rendem bons textos (como o seu) o barulho do mar é gostoso demais e aguça nossos sentidos.
    xero

    Desconstruindo blog

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